Prêmio Teses USP - 2022
Dra. Debora Stripari Schujmann
Orientadora Profa. Dra. Carolina Fu
Acesse a tese completa: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-06092016-162425/pt-br.php
Introdução. A hospitalização tem sido associada com o declínio funcional. Em pacientes críticos, os efeitos da perda funcional na hospitalização podem perdurar por muito tempo após a alta hospitalar. Muitos fatores durante a estadia na Unidade de Terapia Intensiva podem ter potencial para influenciar a perda funcional após esse período. A hipótese do estudo foi que o nível de atividade e mobilidade durante o período na Unidade de Terapia Intensiva poderia ter mais impacto para o declínio funcional que outras variáveis. Objetivo. Investigar o impacto do nível de atividade física e outros fatores clínicos durante a estadia na Unidade de Terapia Intensiva como possíveis fatores preditivos e protetores do declínio funcional. Desenho do estudo. Estudo prospectivo observacional. Métodos. O estudo incluiu pacientes de uma Unidade de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de São Paulo e foi aprovado pelo comitê de Ética da Instituição. Os critérios de inclusão foram idade maior que 18 anos, sem diagnósticos neurológicos, sem contra indicação para mobilização e Índice de Barthel maior que 80 pontos. Foram excluídos pacientes com estadia menor que quatro dias e óbito durante o estudo. Um acelerômetro no tornozelo do paciente foi usado para analisar o nível de atividade e mobilidade durante todo o período da internação na unidade intensiva. Foram avaliadas variáveis como idade, sexo, SAPS III, ventilação mecânica, medicações, comorbidades e motivo da admissão. A funcionalidade foi avaliada através do Índice de Barthel no momento da admissão e da alta. Os pacientes foram divididos no momento da alta da Terapia Intensiva em dois grupos: pacientes que eram funcionalmente dependentes (Índice de Barthel menor que 80 pontos) e independentes (maior que 80 pontos). Regressão logística e Odds Ratio foram usados para analisar os fatores de risco e de proteção para o declínio funcional. Resultados. Foram avaliados 62 pacientes com 57 ± 17 anos, 53% do sexo feminio, Índice de comorbidade de Charlson 3 (2-6), SAPS III 54 ± 13 pontos. 39% dos pacientes fizeram uso de ventilação mecânica durante 2,5 (1-4) dias. Os pacientes passaram 94 ± 4% do tempo da internação inativos, 6±3,7% em atividade leves e 87±9% deitados. 58% se tornaram funcionalmente dependentes. A análise do Odds Ratio mostrou que a idade aumentou em 23% (OR=1.23, CI95% 1,05-1,43) o risco de declínio funcional, e o tempo em inatividade em 227% (OR=3.27, CI95% 1,23-8,68). Ao contrário disso, o tempo gasto em atividades leves foi um fator de proteção para o declínio funcional (OR=0.50, CI95% 0,36-0,69). Limitações. O estudo foi realizado em apenas uma Unidade de Terapia Intensiva com pacientes clínicos e cirúrgicos. Para análise do acelerômetro foi usado um algoritmo já validado na literatura, porém para pacientes idosos saudáveis. Conclusão. Os resultados desse estudo oferecem as primeiras evidências que diferentes níveis de atividade física durante o período na Unidade de Terapia Intensiva foram relacionados a perda funcional nesse período. O único fator protetivo independente modificável foi a atividade física, mesmo que em níveis baixos. Portanto, a idade e a porcentagem do tempo em inatividade durante o período de internação na Unidade de Terapia Intensiva, foram fatores preditivos independentes para a perda funcional no momento da alta. Atividades leves, mostrou-se ser fator protetivo em pacientes na Unidade de Terapia Intensiva.
Prêmio CAPES de Teses - 2018
Dra. Susan Lee King Yuan
Orientadora Profa. Dra. Amélia Pasqual Marques
Acesse a tese completa : https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-07022019-141750/pt-br.php
Resumo
A fibromialgia é uma condição de alta prevalência, que causa desconforto físico, sofrimento mental e comprometimento das relações sociais. Com o aumento da popularidade de Mobile Health, considerou-se o uso de aplicativo móvel como recurso de suporte no tratamento de indivíduos com fibromialgia. Há uma carência de aplicativos para brasileiros portadores de fibromialgia, desenvolvidos por profissionais de saúde, a partir de fontes de informação confiáveis, em linguagem adequada, com alto grau de funcionalidade, testados quanto à sua eficácia em ensaios clínicos.
O presente trabalho constituiu-se de dois estudos. O Estudo I teve como objetivo desenvolver um aplicativo móvel para promover o autocuidado em indivíduos com fibromialgia, e o Estudo II teve como objetivo avaliar sua eficácia na melhora da qualidade de vida e dos sintomas e na promoção do autocuidado, e verificar a adesão dos pacientes ao uso do aplicativo.
Desenvolveu-se o aplicativo denominado ProFibro segundo o paradigma da prototipação, em cinco etapas: (1) análise de requisitos e conteúdo e estabelecimento de objetivos do software; (2) desenvolvimento da interface pela designer; (3) desenvolvimento do protótipo pela programadora para o sistema operacional Android (Google Inc., Mountain View, CA); (4) teste-piloto para avaliação da qualidade de uso do protótipo com pacientes; (5) refinamento do protótipo e construção do produto final. Suas principais funções são: animação educativa; automonitoramento com o Questionário de Impacto da Fibromialgia Revisado; estratégias do sono com a técnica de relaxamento por imaginação guiada, terapia de controle de estímulo e higiene do sono; agenda para facilitar o planejamento da rotina diária; programa gradual de exercícios aeróbicos, alongamento e fortalecimento; diário para a prática da gratidão; livro eletrônico com atividades para a família; dicas por meio de notificações.
O Estudo II foi um ensaio clínico controlado e aleatorizado com 40 indivíduos com fibromialgia, alocados em grupos experimental e controle. Os participantes foram avaliados na linha de base e após seis semanas por um avaliador cego, quanto às seguintes variáveis: qualidade de vida (Questionário de Impacto da Fibromialgia Revisado); dor (Índice de Dor Generalizada e Escala Visual Analógica); sintomas (Escala de Severidade de Sintomas); agenciamento do autocuidado (Escala de Avaliação de Agenciamento de Autocuidados Revisada). O grupo experimental recebeu smartphones com o aplicativo ProFibro para uso durante seis semanas, enquanto o grupo controle recebeu uma apostila em papel de conteúdo similar. A adesão dos pacientes ao aplicativo foi avaliada contabilizando o número de acessos às suas funcionalidades. O Grupo Experimental, após seis semanas de uso do aplicativo ProFibro sem o acompanhamento de um profissional de saúde, apresentou redução da severidade de sintomas e do impacto geral da fibromialgia na qualidade de vida, em comparação com a linha de base. Os efeitos do uso do aplicativo não foram superiores aos da apostila, indicando que a escolha do tipo de ferramenta para o autocuidado depende da preferência do paciente. Cerca de 40% dos participantes do Grupo Experimental tiveram uma baixa adesão ao uso do aplicativo. As estratégias do sono foram a funcionalidade mais utilizada, seguidas do programa de exercício físico e do diário.
Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Teses - 2018
Dra. Licia Cacciari
Orientadora Profa. Dra. Isabel Sacco
Acesse a tese completa: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-22112017-121249/en.php
Apresentamos nesta tese a compilação de dois artigos científicos aceitos para publicação, que serão reproduzidos e discutidos em diferentes sessões apresentadas a seguir. Os objetivos gerais desta tese são desenvolver um instrumento inovador para a análise biomecânica do assoalho pélvico (AP) , capaz de fornecer um perfil preciso da distribuição de pressões ao longo do canal vaginal, e caracterizar o potencial de coordenação espacial desse grupo muscular em uma população de mulheres treinadas na técnica de Pompoarismo. Para o primeiro objetivo, nós desenvolvemos um sensor com alta resolução tridimensional para a avaliação do perfil espaço-temporal de pressões no canal vaginal. Para isso, o mapeamento obtido da distribuição intravaginal de pressões foi (i) testado entre avaliadores, tentativas e sessões de avaliação para verificação da confiabilidade e repetitividade do instrumento e protocolo de coleta; (ii) comparado à avaliação digital da força do AP, e (iii) caracterizado e diferenciado entre duas tarefas opostas: a contração máxima do AP e manobra de Valsalva (considerada como um esforço máximo de expulsão com movimento caudal do AP). Para o segundo objetivo, com o novo sensor nós comparamos dois grupos de mulheres: praticantes e não praticantes de uma técnica específica de coordenação da musculatura do AP, o Pompoarismo. O sensor consiste em um cilindro de Ertacetal® não deformável envolvido por uma matriz de sensores capacitivos calibrados individualmente (MLA-P1, pliance System; novel; Munique, Alemanha). O cilindro, com 23,2 mm de diâmetro e 8 cm de comprimento, contém uma área sensora de 50 cm2 (10×10 elementos de 7,07 mm2, com gap de 1,79 mm entre cada sensor). Cada sensor apresenta amplitude de medida entre 0,5 e 100 kPa, e resolução de 0,42 kPa, o que possibilita mensurações unidirecionais com alta resolução espacial e testada baixa e uniforme resposta à temperatura. O perfil de pressão intravaginal foi descrito com base em duas diferentes abordagens considerando: (i) o pico de pressão da matriz inteira e (ii) a distribuição da pressão ao longo de diferentes sub-regiões do canal vaginal, obtidas por divisões da matriz sensora em “anéis”, “planos”, ou subáreas (caudal, média e cranial). Coeficientes de correlação intraclasse indicaram excelente repetitividade inter e intra avaliador para a área total e medial, com confiabilidade moderada para as áreas cranial e caudal. A correlação entre os picos de pressão e a força obtida pela avaliação digital do AP foi moderada [coeficiente de Spearman r=0,55 (p < 0,001)]. O Perfil espaço-temporal de pressões do canal vaginal foi completamente diferente entre a contração máxima do AP e a Valsalva (ANOVA medidas repetidas, dois fatores), com a contração muscular resultando em pressões notavelmente maiores na porção anteroposterior média do canal vaginal. Considerando o potencial de coordenação e distribuição espacial da pressão intravaginal, observamos no grupo de mulheres praticantes de pompoarismo uma maior capacidade de sustentação da força muscular (40% maior, efeito moderado, p=0,04), além de menores contribuições relativas da porção média e plano anteroposterior, e maiores contribuições das porções caudal e cranial e planos latero-laterais da pressão intravaginal, que se mostrou de modo geral mais simetricamente distribuída em relação ao grupo controle. Com este protocolo e instrumento inovador foi possível obter um mapeamento de alta resolução, confiável e capaz de distinguir o perfil de distribuição de pressões ao longo de diferentes porções do canal vaginal, e caracterizar tarefas e padrões de coordenação muscular em diferentes grupos de mulheres
Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Teses - 2014
Dra. Cristina Dallemole Sartor
Orientadora Profa. Dra. Isabel C. N. Sacco
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Este estudo mostra como o rolamento do pé de pacientes com polineuropatia diabética pode ser melhorado com exercícios para pés e tornozelos, visando a recuperação muscular e articular comprometidos pela doença. Um ensaio clínico randomizado, paralelo, com um braço de crossover, e avaliador cego, foi conduzido. Cinquenta e cinco pacientes com polineuropatia diabética foram randomizados e alocados para o grupo controle (n=29) e grupo intervenção (n=26). A intervenção foi aplicada por 12 semanas, 2 vezes por semana, por 40 a 60 minutos cada sessão. As variáveis primárias foram definidas como as que descrevem o rolamento do pé: pressão plantar em seis regiões plantares de interesse. As variáveis secundárias foram a cinética e cinemática de tornozelo no plano sagital, e as medidas clínicas da função de pés e tornozelo (teste de função muscular manual, testes funcionais), de sinais e sintomas da polineuropatia diabética, exame físico dos pés e teste de confiança e equilíbrio em atividades da marcha. Os efeitos de tempo (baseline e 12 semanas), de grupo (controle e intervenção) e de interação foram calculados por meio de ANOVAs casewise 2 fatores, e para as comparações intragrupo do grupo intervenção (baseline, 12 semanas e 24 semanas) foram usadas ANOVAs para medidas repetidas. As variáveis não paramétricas foram comparadas entre grupos por meio de testes de Mann-Whitney e entre os tempos de intervenção por meio do teste de Wilcoxon. Adotou-se um ? de 5% para diferenças estatísticas e o coeficiente d de Cohen para descrição do tamanho do efeito da intervenção. Após 12 semanas de exercícios, observou-se mudanças positivas no rolamento do pé. Houve uma suavização do contato do calcanhar no apoio inicial, refletido pelo aumento do tempo do pico de pressão e da integral do pico de pressão. O médio-pé aumentou sua participação no rolamento observado pela diminuição da velocidade média do deslocamento do centro de pressão e aumento da integral do pico de pressão. O antepé lateral passou a realizar o apoio no solo antecipadamente em relação ao antepé medial, que previamente à intervenção aconteciam concomitantemente, e esse resultado foi evidenciado pela antecipação do tempo do pico de pressão em antepé lateral após a intervenção. A ação de hálux e dedos também aumentou (aumento de integral do pico de pressão e picos de pressão), em uma patologia marcada pela diminuição do contato do hálux e desenvolvimento de dedos em garra, que diminui o contato dos dedos com o solo. O grupo controle apresentou algumas pioras com relação à função muscular e parâmetros cinéticos e cinemáticos de tornozelo, enquanto que o grupo intervenção mostrou melhora na função de muitos grupos musculares, em testes funcionais e no pico de momento extensor na fase de aplainamento do pé. Apesar do protocolo de intervenção ter sido construído de modo a permitir que o paciente incorpore os exercícios na sua rotina diária, a aderência a este tipo de intervenção deve ser estudada, já que grande parte das variáveis retornaram ao baseline após o período de follow up. Ações preventivas são fundamentais para diminuir as complicações devastadoras da neuropatia diabética
Prêmio CAPS de Teses - 2011
Dra. Cristina Ferraz Borges Murphy
Orientadora Profa. Dra. Eliane Schochat
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INTRODUÇÃO: Baseado na hipótese de que os transtornos de leitura possam ser causados por uma alteração no processamento temporal auditivo (PTA), programas de treinamento auditivo computadorizados são utilizados como método de reabilitação em crianças com dislexia. Apesar disso, há controvérsias sobre a influência deste tipo de tratamento nas habilidades de leitura. OBJETIVOS: Desenvolver um programa de treinamento auditivo computadorizado, aplicar e analisar a sua eficácia em crianças com dislexia, por meio da comparação dos desempenhos obtidos em testes de leitura, consciência fonológica e PTA, aplicados antes e após a utilização do programa. MÉTODO: o software desenvolvido apresentou dois jogos contendo estímulos não-verbais e verbais (fala expandida). O treinamento foi conduzido na casa de cada participante durante dois meses, sendo cinco vezes por semana. A eficácia foi analisada por meio de dois estudos. No primeiro, os desempenhos do grupo experimental (treinado) em testes de leitura, consciência fonológica e PTA, aplicados pré e pós-treinamento, foram comparados com o desempenho do grupo controle (não treinado), nos mesmos testes, aplicados no mesmo período. Ambos os grupos foram formados por crianças com dislexia e idades entre 7 e 14 anos, sendo 12 do grupo experimental e 28 do grupo controle. No estudo 2, o desempenho do grupo experimental (18 crianças com dislexia) nos mesmos testes citados no estudo 1, foram comparados em três momentos: dois meses antes do início do treinamento, no início e no final do treinamento. RESULTADOS: No estudo 1, houve melhora significante do grupo experimental, se comparado ao controle, em relação ao desempenho em uma das habilidades de consciência fonológica (Tarefas Silábicas; p=0,044) e em uma das habilidades de PTA (Padrão de Freqüência; 7 a 10 anos de idade p<0,001, 11 a 14 anos de idade p=0,018). No estudo 2, houve melhora significante do grupo experimental, se comparado ao controle, em relação ao desempenho em uma das habilidades de leitura (Leitura de Texto; p<0,001), em uma das habilidades de consciência fonológica (Tarefas Fonêmicas; p<0,001), e em ambas habilidades de PTA (Padrão de Freqüência p<0,001 e Duração p=0,010). CONCLUSÃO: o software mostrou-se eficaz para o treinamento temporal auditivo do grupo, o qual pôde ser comprovado por meio da melhora pós-treinamento, em relação a esta habilidade, na maioria das situações analisadas. Os desempenhos encontrados pós-treinamento, em relação às provas de leitura e consciência fonológica, questionam a hipótese que relaciona o PTA e a leitura, já que a melhora esteve presente apenas para algumas habilidades de leitura e consciência fonológica.